Parte Um:
Parte Dois:
A estalagem, apesar de modesta, era bastante aconchegante, tinha primeiro andar e ficava em uma vila rodeado por uma floresta cheio de arvores frutíferas. Tinha uma varanda no térreo e a construção era toda na madeira, tinha um jardim na frente e o sossego era evidente ali, foi neste local que Thedd e a menina haviam se estalado para passar a noite.
Com muita energia, a menina curiosa olhava tudo que tinha no aposento; dentro do armário, das gavetas da comoda, embaixo da cama, nem a grande jarra d'água escapou da bisbilhoteira criança; que pareceu decepcionada ao descobrir que ali só havia água. Thedd observava a correria e apenas sorria, foi então que percebeu que não sabia o nome da garota:
-Ei, menina, qual é o seu nome?
-Narah - disse olhando-o envergonhada
-Narah, bonito nome. Meu nome é Thedd, e como acredito que já percebeu, vou tomar conta de você de agora em diante.
A menina fez um gesto com a cabeça concordando com o sujeito. Ele acho estranho e não resistiu em perguntar:
-Tudo bem assim pra você? Não vai perguntar sobre seus pais nem nada...
-Eu não sei quem são meus pais... - disse a menina olhando pros lados, como se busca-se algo pra xeretar - Me disseram que eles morreram a muito tempo, deste então fico passando uma temporada com varias pessoas diferentes.
-Varias pessoas diferentes? - sentou-se Thedd na cama - Como assim, por que?
-A não sei, elas morrem, somem, sei lá. - diz a menina mostrando desinteresse
-Ah é, puxa, você não sabe por que? -Thedd pergunta preocupado
-Não...Ele me diz que é porque sou especial, e todos os outros humanos são medíocres e não merecem o meu respeito. Não concordo com ele, tem algumas pessoas que são legais. Você parece ser legal.
Engolindo em seco, Thedd reúne forças para perguntar quem é "Ele", para saber o quanto a menina sabe do Dragão, ela responde naturalmente:
-Ele é o Onkon; ele fala comigo dentro da minha cabeça; só de vez em quando é que ele aparece, ele tem a mesma idade que eu. As vezes a gente sai para brincar. - ela mostra um sorriso de orelha a orelha.
Thedd teve um tremor ao ouvir esse nome, "Onkon"; olhou pro chão suando frio e levantou a cabeça pálido, não entendeu por que a menina disse que o dragão tinha a mesma idade que ela, ele disse isso pra ela? Não queria saber de mais nada, agora precisava beber alguma coisa, levantou de onde estava e pegou o seu capuz e foi em direção a porta.
-Pra onde você vai? -diz Narah - Eu estou com fome, vou com você.
-Eu vou aonde crianças não devem ir, na taberna.Vou pedir pra trazerem comida pra você. Fique aqui no quarto que eu não vou demorar. - diz Thedd com firmeza.
-Mas eu vou ficar sozinha? - Narah aparente preocupada com sua segurança
-Não tenha medo, você está mais segura do qualquer outro nesta cidade. Pode confiar! -disse Thedd com ironia e saiu.
...
A taberna da vila chamava-se Alabarda, graças ao dono do lugar, que na juventude fora um guerreiro que utilizava este tipo de arma. Thedd caminhou na fria noite até adentrar no recinto; ao chegar sentiu o calor agradável do lugar e um cheiro forte de bebida e mofo. O som dos músicos soavam agitando o clima enquanto as pessoas dançavam e bebiam alegremente, as garçonetes serviam os clientes com enormes garrafas de barro que tinham o desenho de uma alabarda, havia um balcão onde o dono da taberna andava de um lado para o outro servindo os clientes e dando ordens nas garotas.
Thedd foi em direção ao balcão e pediu uma dose da bebida mais forte da casa; ao ser servido começou a analisar melhor as pessoas que estavam no ambiente.
Havia o que podia esperar, pessoas comuns da vila, lenhadores, camponeses, alguns viajantes, bêbados pelos cantos, meretrizes abraçados a figuras estranhas e negociadores conversando nas mesas.
Quando ia se voltar ao balcão ouviu os músicos fazem uma chamada:
-Caros presentes nesse recinto! Agora com vocês, o nosso contador de histórias! Ele que encanta as donzelas e é temido por sua bravura! Com vocês o bardo mais incrível desta terra: Lerrih!!!
Os aplausos soaram pela taberna na chegada de um homem muito bem vestido e limpo, ele tinha um violão azul nas mãos e um cachecol laranja no pescoço, tinha cabelos grandes e loiros e uma bolsa pequena pendurado em seu tronco; agradeceu os aplausos e começou a falar com sua voz macia:
-Hoje contarei a história de um herói solitário que percorreu um caminho cheio de perigos para trazer de volta a saúde a sua amada. - e tocou um "sol" no violão, em seguida passa a dedilhar no violão enquanto fala - essa canção, meus amigos, fala de algo tão importante para nós que diversas vezes esquecemos, espero que no fim desta melodia, vocês repensem no que é mais valioso para vocês na vida.
E começou a cantar e tocar:
"Era noite quando o homem saiu
Não foi culpa dele
Ele nem sequer viu.
Quando a criatura chegou e em um estante de dor.
a saúde de sua esposa levou.
Pobre coitado,homem em farrapos
Se culpou por esse mal ter chegado
Sua esposa então lhe contou
"Foi o Asgarko que me atacou".
Para aqueles que não sabem o que digo
Asgarko é um monstro terrível!
Com apenas um toque de seu polegar
Sua vida ao pouco a ele pertencerá.
O homem furioso se preparou
Sua espada empunhou
Em seu cavalo montou
E para o horizonte galopou.
Cruzou rios e vales
Montanhas e cidades
E em certos 12 dias
Chegou a toca do covarde.
Havia um cheiro de carniça
Mas do medo aquele homem sorria
Entrou na toca do Asgarko
E gritou: "Seu desgraçado!"
O monstro ficou de pé para ele
Tinha uns três metros e meio
Corpo e estranho e encurvado
Olhos enormes e urrava descontrolado.
A luta foi feroz e voraz
Os golpes eram dados com puro ódio
Num momento inoportuno
O homem fortemente foi atingido.
O pobre foi jogado muito longe
O Asgarko era realmente terrível
Jamais iria desistir
O monstro já corria para lhe destruir.
Com muita rapidez e destreza
Sua espada apanhou com sutileza
Atravessou o monstro sem pena
E com raiva tirou-lhe a cabeça.
Voltou pra casa enaltecido
O mal de sua esposa havia sumido
No lugar dele surgiu um lindo sorriso
E em um beijo o selo da paz renascido."
Após dizer isso, o bardo fez um pequeno solo e se curvou para os aplausos que não paravam de serem feitos por aqueles que ouviram a história que ele contará; o bardo cumprimentará algumas pessoas até poder chegar ao balcão; os músicos retomaram com suas canções.
-Um copo de suco de uvas por favor! - diz o bardo
-Gostei da história, foi verdade? - disse Thedd já um pouco embriagado
-Toda história é verdadeira em si, basta as pessoas acreditarem!...
-Isso é profundo bardo! - disse dando um gole no seu copo - parece estúpido, mas é profundo!
Avistam uma menininha entrar no recinto, desorientada e procurando alguém.
-Narah! Ah essa não! - disse Thedd irritado e indo até ela e a levando até o balcão - Não falei pra você que devia ficar na hospedaria?!
-Eu sei Thedd, mas eu estava me sentido sozinha; e aqui parece estar bem mais divertido!
-Aqui não é lugar para crianças! - apontou para o homem com as meretrizes a sua volta
O bardo a olha e diz:
-Que graça, então você é pai desta linda garotinha! - Sorrio o bardo para a garota, que se protegeu atrás de Thedd.
-Que graça, então você é pai desta linda garotinha! - Sorrio o bardo para a garota, que se protegeu atrás de Thedd.
-Não sou o pai dela... Estou cuidando dela, a vila onde ela vivia foi devastada por cavaleiros negros.
-Aaah! Eles são horríveis mesmo! Uma vez escapei de um templo do qual eles levaram a mim e a um grupo de aventureiros, eu fugi pra trazer ajuda mas quando retornei eles não estavam mais lá. - disse o bardo que pareceu frustrado
-Bom, o certo é que esta garotinha já sofreu demais e não quero que sua inocência seja ainda mais destruída em um lugar como este. Narah vamos embora, de volta para a estalagem. - definiu Thedd
-Já? ah, aqui estava tão divertido - resmungou Narah retornando a estalagem.
...
Dormiram tranquilamente e logo cedo acordaram e se aprontaram para ir embora. Pagaram a estalagem,comeram e compraram mantimentos.
Na estrada, uma pequena carroça parou perto deles, era o bardo saindo da cidade:
-Para onde estão indo? Posso lhe oferecer uma carona?
-Estamos indo para Fargon. - falou Thedd protegendo os olhos do sol que atingia seu rosto.
-Fargon; a cidade do ouro! Faz muito tempo que não vou pra lá!... Estou indo a cidade vizinha, Deron; vamos, venham comigo. - o bardo fez um gesto para que subissem
Sabendo que seria uma viagem longa, Thedd resolveu ir com o bardo, colocou a menina na carroça e subiu em seguida.
Na parte de trás da carroça, havia todas as tranqueiras do bardo, roupas espalhadas, uma corda no chão, dois baldes, um colchão, comida embrulhada, e o violão muito bem preso a parede.
A menina olhou para dentro da carroça, o que fez surgir a curiosidade do bardo:
-Não gostou da minha casa mocinha? - diz rindo o bardo.
-Eu gostei sim... É diferente - diz a menina voltando o olhar para a estrada.
-A cidade fica a seis dias de viagem, mas pegarei um atalho que nos fará chegar lá em três.
Sem dizer mais nada, os cavalos foram atiçados para andar mais rápido em direção ao horizonte onde o sol surgia.
Na parte de trás da carroça, havia todas as tranqueiras do bardo, roupas espalhadas, uma corda no chão, dois baldes, um colchão, comida embrulhada, e o violão muito bem preso a parede.
A menina olhou para dentro da carroça, o que fez surgir a curiosidade do bardo:
-Não gostou da minha casa mocinha? - diz rindo o bardo.
-Eu gostei sim... É diferente - diz a menina voltando o olhar para a estrada.
-A cidade fica a seis dias de viagem, mas pegarei um atalho que nos fará chegar lá em três.
Sem dizer mais nada, os cavalos foram atiçados para andar mais rápido em direção ao horizonte onde o sol surgia.
Por: Rodrigo Sales
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