sexta-feira, 28 de junho de 2013

Safira do Dragão (Parte IV)






No meio da noite, os viajantes descansavam da longa viagem; Thedd, Narah e o bardo Lerrih dormiam na carroça e o silêncio reinava naquela estrada.

Narah tinha terríveis pesadelos, contorcia de tal forma e fazia barulhos estranhos que fizeram com que Thedd acordasse e não conseguisse dormir novamente.Ele levantou e foi pegar um pouco de ar.

Estavam em uma estrada com poucas arvores, havia um rio próximo e o vento passava muito levemente entre os galhos. Sentou-se e ficou quieto por alguns instantes pensativo, a quietude foi quebrada pela voz de Lerrih:

-Sem sono?!...

-Sim - respondeu secamente

-Ela está tendo um sono terrível, não seria melhor acorda-la? -perguntou o bardo sentido pena da menina

-Não! Isso seria uma péssima ideia!...

O bardo estranhou o comentário, mas não falou nada. Olhou para o horizonte e após suspirar,disse:

-Amanhã vamos passar pela estrada dos rochedos, não é uma travessia fácil! E não vamos poder parar para descansar lá! Pois é um lugar onde existem criaturas tenebrosas e o próprio ambiente parece querer consumir quem ousa passar pelo lugar... Então aconselho que não demore muito a tentar a voltar a dormir!

Ao dizer isso, entra novamente na carroça e vai tentar dormir.

Thedd começa a relembrar fatos de sua vida, lembra de pessoas que acreditava que eram da sua família, não lembrava do seu passado, apenas em fragmentos, via uma menina e uma mulher, não sabia quem eram, mas resolvia crer que era sua esposa e filha que chegou um dia a ter; mesmo que elas tenham morrido, pois isso ele conseguia se lembrar, mas preferia acreditar que em algum dia na sua miserável vida tenha sido feliz e feito pessoas felizes.Em alguma época  ele não era aquele mercenário oco e sem sentimentos, que apenas vivia para saciar seus próprios interesses. Isso lhe trazia certo conforto e sensação de redenção, mas era um segredo guardado a sete chaves.


Ele levanta-se e resolve entrar para tentar dormir um pouco, olhar para dentro da carroça vê dois homens encapuzados com espadas em punho indo em direção a Narah, eles percebem a presença de Thedd que puxa a espada rapidamente e grita:

-Maldito sejam ladrões!

Ele desfere golpeis rapidos de espadas contra os dois sujeitos, que se defendem como podem, com destreza Thedd joga os dois homens para fora da carroça e antes que eles possam se levantar recebem outros golpes furiosos, Lerrih está desperto e como um alarme avisa Thedd de um ataque pelas costas, de forma graciosa ele se protege de um ataque mortal, uma voz na escuridão grita "vocês estão cercados" seguido de risos e maldições, Thedd ignora e continua a atacar os invasores e Lerrih junta-se a ele, ambos atacam com firmeza mas já começam a perder a conta de quantos ladrões estão lutando, cinco...seis...dez... não se sabe, eles se movem muito rápido e se misturam, mantendo-se em movimento deixando ambos tontos, alguns golpes penetram na defesa de Thedd e Lerrih causando alguns cortes em seus braços e coxas, mas ainda continuam de pé ouvindo risos ao redor e toda sorte de xingamentos, até que Thedd recebe uma fechada em seu ombro por trás, fazendo ele cair de joelhos.

-Eles estão brincando conosco - Diz Thedd em tom irritado - Se querem brincar, venham! Vou mostrar a vocês como se brinca! - Diz isso aos berros e parte pra cima de dois ladrões que tem uma morte rápida em um único e certeiro golpe na cabeça.

Quando o chão estremesse e ouve-se uma explosão que de tão forte joga todos próximo a carroça no chão, gritos e fogo começam a tomar conta do lugar, Thedd olha para carroça e vê Narah com imensas labaredas de fogo ao seu redor, ela as controla e parece muito irritada, ele lembra-se imediatamente do dia em que a tirou da aldeia, e chama Lerrih aos gritos:

-Rápido! precisamos sair daqui! Venha!

Sem pensar duas vezes Larrih levanta e corre junto com Thedd, os ladrões correm desesperados desordenadamente e muitos tem o corpo coberto em chamas antes de conseguir chegar muito longe. Thedd e Lerrih esconde-sem atrás de uma árvore.

-Temos que correr! Ela vai matar todo mundo! - Diz Lerrih desesperado

-Não! Se corremos ela vai nos ver! Nem se estivessemos montados nos cavalos mais rápidos de todo o reino seriamos capazes de fugir dessa criatura!

-Do que você está falando? - pergunta Lerrih perplexo

-Estou falando da Safira dos Dragões!




-Não seja estúpido! A Safira é um mito...

-Ela é a Safira! Não vê? -Thedd segura o colarinho do bardo e se sente arrependido de ter dito aquilo a ele, Lerrih torna-se branco como uma vela e tenta falar, mas a voz não vem a boca. Thedd se dobra a fim de espiar o que estava acontecendo.

No meio da confusão, os ladrões que ainda restavam estavam ajoelhados dentro de um circulo de fogo, eram quatros sujeitos que tremiam nervosamente, Narah se aproximou deles.

-Em milhares de anos, ainda me surpreendo como vocês humanos podem ser tão estúpidos! -Diz Narah, ou pelo menos a voz saiu pelo corpo de Narah, pois a voz era algo muito diferente; pesada, forte, e que causou um mal estar súbito em Thedd, fazendo o suar frio -  Olhe só pra vocês, pequenos vermes com gravetos na mão.

Narah caminhava próximo a eles, um deles pulou pra cima dela e teve o corpo carbonizado em segundos, os demais abaixaram a cabeça e um começou a rezar.

-Com disse, estúpidos! - Ela falou em tom de zombaria - Não estou acostumado a ser clemente, mas essa noite é o dia de sorte para vocês trés! Se forem capaz de me dar uma informação. Preciso saber onde fica o Templo de Fogo.

Os ladrões se entreolharam, um deles diz:

-Eu não sei, mas se me permitir eu posso buscar infor... - ele é queimado até os ossos com tamanha facilidade a um gesto de Narah.

-Acho que vocês não entenderam a pergunta, Eu preciso saber onde fica o Templo de Fogo.

Em visível desespero, o outro homem choraminga:

-A muitos anos o Templo de Fogo foi perdido, ninguém sabe seu paradeiro, acreditam que ele esteja ao norte em meio as colinas de HarQ, pois foi teletransportado pelo mago negro Kel para ocultar seus segredos... - Uma chama forte surgiu por debaixo do homem e cresceu rápidamente até a cabeça incendiando completamente, enquanto o homem se contorcia no chão, Narah foi ao terceiro e ultimo ladrão.Com um olhar gelado, coloca a pequena mão no ombro dele e aguarda.

-Existe uma feiticeira, ela conhece possuí o poder do teletransporte e alguns dizem que ela já esteve em todos os lugares do reinado. Se alguém sabe onde encontrar o templo, é ela, e eu posso levar você até ela.

Narah sorri no canto da boca, e diz calmamente.

-Muito bem, você acaba de salvar essa sua vida imunda. Entretanto, não tenho o pleno controle desse corpo e posso adormecer novamente - ela poem a mão na cabeça do ladrão e pronuncia algumas palavras que Thedd percebe logo se tratar de um feitiço, com a outra mão ela faz uma marca com fogo na testa do homem - Você agora é meu servo, você irá buscar essa mulher, você vai traze-lá até mim.Em troca, você viverá.E a partir de agora, terá um pouco de poder para utilizar.

O ladrão abaixa a cabeça, se levanta e corre em direção a selva e desaparece. Narah faz surgir asas de fogo e levanta voo e também desaparece. Em alguns segundos tudo volta a ser um completo silêncio.Até o fogo se apagará, e Thedd e Lerrih saem de trás da árvore.

-Ela é a Safira do Dragão! - Lerrih grita andando de um lado para o outro - Não acredito... Poderíamos estar mortos!

-Mas não estamos! Justamente por conta dela, ou daquilo... -olha pros lados com um olhar perdido - precisamos encontra-la, ela deve ter ido pra cidade...

-Não, não, você é louco! Aquilo é uma criatura insana! vai nos matar... 

-Se não a detivermos ela vai mesmo! - Ele diz firme a Lerrih - aquela garotinha não sei por que,consegue conter a criatura, ela é a chave!

-Então matamos ela...

-Não, a morte dela não é a solução.

-Então o que faremos? - diz Lerrih observando Thedd que aperta o ombro, incomodado com a flecha

-Não posso dizer agora...

-Ha, você quer que eu te acompanhe a encontrar um monstro e a andar junto com ele e sem saber o porque, raios o partam Thedd!

-Narah não é um monstro - esbravejou Thedd - se quer levar dessa forma, é isso mesmo que peço. Não existe outro modo, se não deseja me ajudar, então não se meta no meu caminho.

Ficam em silêncio por alguns instantes, Thedd caminha em direção ao lado que Narah partiu e Lerrih o chama:

-Eu vou com você, afinal de contas, não existirá canção mais épica que algum bardo neste mundo possa criar. E esse bardo serei eu, Lerrih Amonthor.

-Então seja bem vindo a jornada.

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